3 de dezembro de 2006

A César o que é de César


Fazendo justiça:


Enquanto a pasteurização global esfria até o pessoal do Melhores do Mundo, segue na Record (talvez no único programa que da Poderosa não seja cópia) o Show do Tom (Calvalcante).

Entre um imitador do Faustão, um anão (que era o Pit Bitoca, assistente do Cuecão de Couro) e o próprio Tom, esculhambadão, segue na maior liberdade o Tiririca, talvez um dos caras mais injustiçados da TV, atualmente.

Se no Zorra Total a fórmula é mulher gostosa + piada repetida ad nauseum, no outro canal o clima é de fuleiragem total. O lado B do humorismo televisivo atual, que mostra gente feia, ou melhor: gente comum. O tom é escracho total, politicamente incorreto. Melhor assim. A risada sempre foi pra curar a dor, não pra passar o tempo banalmente. “A alegria é a coisa mais séria da vida”, não sei quem disse, mas concordo plenamente. Quanto à gozação sobre os defeitos dos outros, cada um que se aceite. Acho mais respeitoso fazer piada na cara do que fingir. Cabe aos circundantes rir bem alto pra exorcizar o constragimento. Afinal, ninguém é perfeito. Melhor rir que chorar.

De forma espontânea, o Tiririca tem uma performance efetivamente diferente a cada programa. Fico imaginando o programa sem cortes. A partir de um roteiro básico eles vão inserindo os cacos. Dá pra perceber que rola muita sacanagem, convenientemente editada pra passar no canal do Edir Macedo.

Taí o que admiro. Um cara aparentemente iletrado, mas muito inteligente, segue rindo da falta de graça das piadas. É uma espécie de metalinguagem que a objetividade não consegue alcançar. Se jazz é música para músicos (injustiça apressada, mesmo um cara grosso e obtuso como eu percebe), o que rola ali é feito pra quem gosta de sacanagem, ironia comparável à auto-ironia dos judeus. O sujeito domina o tempo do humor. Claro que a grosseria agrada a quem não é assim tão exigente. O grotesco também se faz presente. Agora que integrantes do programa do Ratinho se juntaram à gangue, pior ainda.


p.s. : biografia do Tiririca e descrição da planta que o batizou:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiririca


pps: Ronie, convida (novamente) o Marco pra escrever aqui. E põe o AT nos favoritos. E arruma o relógio.

Ppps: Marco, você pode contar alguma coisa sobre a Nair Belo?

4 comentários:

Marco disse...

Moçada: o humor televisivo, com a exceção dos Cassetas, está morto e fedendo!
Quando eu lembro que nos tempos áureos do Rádio, o Lauro da PRK-30, o Max Nunes, faziam programas semanais de altíssima qualidade...
Vou escrever um negócio pra cá. Mas realmente, ando atolado de serviço.
Lúcio, já vi o Feira da fruta, que você citou lá no Antigas Ternuras, no meu post sobre a série Batman. Pra te dizer a verdade, eu não achei graça...
Um abraço, moçada!

Anônimo disse...

Sim mestre, madarei o convite. Também acho o Tiririca impagável.

Ronie disse...

ops, MANDAREI.

Marco disse...

Sobre a Nair Bello: o que sai nos jornais daqui é que ela está ainda internada, alternando períodos de melhora com piora. Sei não... Acho que o Zé Maria a está chamando...